24 de agosto de 2012

Resenha: Tales of the Street Corner


Ano: 1962
Estúdio: Mushi Productions

Osamu Tezuka, pai do mangá no formato que conhecemos hoje em dia, criou alguns filmes experimentais no inicio de sua carreira como animador. Um desses filmes foi Tales of the Street Corner, obra que será analisada nessa resenha. Antes de abordar o anime, farei uma breve apresentação sobre o idealizador desta obra.

Osamu Tezuka nasceu no dia 3 de novembro de 1928 em Osaka, e além de ser um ótimo mangaka, também era escritor, desenhista, arte-finalista, animador, produtor de cinema, médico, ator e pianista. Seus trabalhos mais conhecidos são: Kimba - O Leão Branco, Astro Boy, Black Jack, Buddha e Hi No Tori, esse ultimo também conhecido como Phoenix.
Conhecido como um dos mais produtivos mangakas do mundo, Osamu possui um grande acervo. Existem mais de 170,000 páginas divididas em mais de 700 mangás produzidos por ele! Muitas de suas obras se tornaram séries animadas mas, apesar do sucesso, Osamu nunca deixou de experimentar, sempre foi um inovador que pensava o inverso do que os outros estavam pensando. Ele foi assim até a sua precoce morte em 9 de fevereiro de 1989, deixou uma obra incrível para a posteriridade e consagrou-se como o "Deus do Mangá.

Tales of the Street Corner é um filme experimental lançado em 1962 e dirigido por Eiichi Yamamoto, uma vez que Osamu estava ocupado com outros projetos.

O enredo é simples, porém bastante peculiar. Como o nome já diz, a história não apenas se passa, mas também tem como protagonista a esquina de uma rua qualquer! É uma rua estreita, aparentemente de uma cidade industrial qualquer. Os personagens são outra inovação de Osamu, pois vão desde uma criança em sua janela até a um poste de rua, passando por ratos, cartazes e uma mariposa amarela.

A história e simples: uma jovem menininha deixa cair o seu ursinho de pelúcia pela janela, ele fica preso a uma calha sobre o telhado em frente ao canto da rua. Uma família de ratos passa por lá, a procura de comida e abrigo. Outro lado da trama envolve os cartazes musicais: um belo músico, um general, uma linda pianista, uma dançarina de cabaré, entre outros, eles formam uma espécie de teatro dramático e interagem com uma mariposa que vive em um buraco na parede. Outro personagem interessante é o velho poste da rua, que passa frio durante a noite, mas não abre mão da amizade das folhas. Isso mesmo, folhas! As folhas são outro personagem importante para o desenrolar da trama.

A obra trata de temas simples, mas não se deixe enganar pela simplicidade dos fatos, pois o enredo esconde um tema muito sério entre seus acontecimentos aparentemente comuns. Um protesto contra a guerra e seus idealizadores fica implícito durante boa parte do anime, mas se revela no momento crucial. Além do manifesto antiguerra, também fica um alerta ao desperdício de comida por parte dos seres humanos. Mas não é só de coisas ruins que a humanidade vive, então a esperança e o amor ganham espaço no obra, de uma forma sutil e encorajadora.

A animação é pesada, não flui muito bem, e os traços, apesar de serem artísticos, não são firmes como deveriam. A trilha sonora cumpre seu papel, porem a sincronia com as cenas ficaram estranhas, há momentos em que não se encaixam. No quesito técnico o anime é bem fraco.

Existem outros problemas no desenvolvimento, principalmente o ritmo errático, que faz as cenas parecerem deslocadas. Outro problema é o ritmo lento que aparece na metade do anime (e, felizmente, sai antes do término), deixando esta parte da história meio sonolenta.

Entre erros e acertos, a verdade é que esse filme cumpre exatamente o que se propôs: ser uma obra experimental e inovadora. O tema por trás dos acontecimentos comuns do dia-a-dia é um ótimo ponto de fuga para a trama central, e nos faz pensar naquele velho ditado que diz que as aparências enganam. Osamu Tezuka conseguiu surpreender a todos, mais uma vez.

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