22 de janeiro de 2015

Especial: Analisando o Ranking de Audiência da TV Japonesa: Parte 02 - Os animes finitamente finitos


 Por Escritora Otaku

E aqui estamos nós de novo, pra entender melhor sobre o ranking da TV japonesa. Se sentiu falta de certas animações, então, pode comemorar. A segunda e última parte da matéria vai pegar animes mais conhecidos e curiosidades que torna este ranking tão óbvio e ao mesmo tempo, tão curioso de acompanhar.

A abordagem será a mesma vista na primeira parte, com ficha técnica das séries e o que esperar delas e por que tem algumas séries que raramente dão as caras. Com isto, a matéria pode finalmente dar seus pareceres. Fato é que estava cansada de conferir no ANMTV alguns comentários bem fajutos sobre “por que série X não aparece neste ranking” ou “ ah, estas séries são tão infantis: como podem estar aí” e pra dar basta nesta questão que decidi elaborar estas duas matérias.

Se pensar bem, até que o ditado “as aparências enganam” se encaixa direitinho para esta questão. Vamos para a matéria em si...



Analisando o Ranking de Audiência da TV Japonesa: Parte 02
Os animes finitamente finitos

Pra quem não entende e quer saber por onde começa esta matéria, clique aqui pra ler a primeira parte. O sensato é fazer isso, para poder desfrutar da parte dois de maneira mais direta e sem fazer rodeios. Na primeira parte da matéria, foram citados cinco animes que tem frequência de dar as caras e que raramente saem de suas posições habituais. Por isso, a verdadeira concorrência do ranking da TV japonesa ocorre após estes, do sexto ao décimo lugar. Mesmo que o sexto anime mais visto seja tão frequente quanto os que o antecedem, no entanto, não tem as mesmas características citadas na primeira parte  - com exceção da longevidade – e sim, mesmo certas animações terem número infinito de episódios, como podem ver, elas tem a característica de um dia terminarem. Foi o que leu aqui: vão ter um final e não podemos reclamar disto, porque até os animes infinitos tem seu fim. Pode ser quando menos esperar...  

Agora sim vamos pra parte que interessa: três animes que tem frequência no ranking e as curiosidades por trás destas posições tão concorridas pra uns e nem tanto para outros.



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One Piece
Ano de produção: 1999
Estúdio: Toei Animation
Episódios: Mais de 600, em exibição
Canal que exibe: Fuji TV
A série veio ocidentalmente: Sim e tem sido um sucesso, legendada nem se fala, mangá idem... três ou mais fansubs brasileiros o legendam.
Equivalente ocidental: “Piratas do Caribe” 
Principal carrasco: “Detective Conan” e as séries acima dele

O “Chapéu de Palha” e sua tripulação finalmente dando as caras e a verdade é que de todas as animações deste ranking, é uma das mais conhecidas dentro e fora de seu país de origem. E a única que representa a estética que consagrou aa revista de onde saiu, a Shounen Jump.

Sim, não está lendo errado: um dos pilares da revista em todo o seu resplendor. A pergunta que não quer calar é simples: por que não sobe mais no ranking, se as animações acima deste tem enredos mais óbvios? Há três respostas e todas são simples: primeiro, os animes acima deste já possuem um público bem cativo; segundo, a animação não é lá grande coisa, não pelo traço e sim pela sua qualidade e a última, é que pra estar aí teve de se adaptar e não é surpresa ver crianças que curtem a animação em si. Ou vocês não repararam que após certo arco, a série sofreu a síndrome “o que fazer depois de uma fase fantástica?”

A história é a jornada de Monkey D. Luffy – ou Ruffy, como uns preferem – que decide seguir seu sonho: ser o maior pirata e encontrar o tesouro mais cobiçado pelos piratas, a “One Piece”. Ele vive várias aventuras ao lado de sua tripulação, composta de membros que aderiram ao estilo brincalhão e envolvente de nosso protagonista. Portanto, é a partir de “One Piece” que começa a entrada de animes mais conhecidos ocidentalmente neste ranking e mesmo que a série não demonstre sinais de cansaço, está na cara que o final será o personagem encontrar o tesouro que dá nome à história.





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Pokémon
Nome original: Pocket Monsters
Ano de produção: 1998
Estúdio: OLM
Episódios: Mais de 800, em exibição
Canal que exibe: TV Tokyo
A série veio ocidentalmente: Sim, no Brasil, um dos poucos animes em exibição na TV e episódios dublados/legendados à disposição do público.
Equivalente ocidental: “Bakugan”
Principal carrasco: Ele mesmo

A eterna saga de Ash e Pikachu também tem seu lugar garantido no ranking; afinal, a maioria das séries presentes é para o público infantil, por isso, nada de estranhezas sobre sua citação. Como? Se adaptando ao público e se parar pra pensar um pouco, é o mesmo efeito que “One Piece” fez pra estar nos mais assistidos no Japão. No entanto, a diferença é que “Pokémon” sofreu e pagou caro por não apresentar um enredo coerente durante suas temporadas. Animes como “Doraemon” e “Crayon Shin-chan” conseguiram manter a essência da qual estão firmes e fortes, algo que “Pokémon” não conseguiu por muito tempo. Depois da fase clássica, o anime por um lado pode trazer melhor o contexto dos games; por outro, o enredo repetitivo e a forma que a história tem seguido não tem agradado aos que o acompanham desde o começo.

Exemplo aconteceu durante a fase “Black/White” – “Best Wishes” no original – cuja audiência manteve-se bem abaixo da média e apenas melhorou com a fase XY, que tem tido uma audiência mais aceitável. Isso demonstra que o próprio estúdio não sabe mais o que fazer, a não ser seguir adiante pra promover os games. Realmente, a série é uma jogada de marketing, só não significa que seja totalmente e estar no ranking de TV mostra que tem lá seu charme.

No site Anime Portfolio há uma postagem que dá uma noção melhor da animação.





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Franquia Precure – atualmente na série “Happiness Charge Precure”
Ano de produção: 2004
Estúdio: Toei Animation
Episódios: Mais de 400, em exibição
Canal que exibe: TV Asahi
A série veio ocidentalmente: Sim, parte da franquia sendo legendada no Brasil
Equivalente ocidental: “O Clube das Winxs”
Principal carrasco: As animações que concorrem no ranking

Claro que existem mais representantes do ranking, mas, pra dar continuidade seguiremos para um “mahou shoujo”: animações onde garotas adquirem poderes especiais pra enfrentar ameaças. A série na verdade é uma franquia bem conhecida em terras nipônicas, que mesmo não tendo uma frequência comum das animações já citadas, tem seu lugar e hora.

A franquia Precure é uma das produções da Toei Animation – os que fazem “One Piece”, olha a dobradinha do ranking... - direcionada ao público feminino, que não deve em séries de temática similar. A cada ano, uma nova série é lançada e o enredo mostra uma dupla ou um grupo de garotas, o que muda é a maneira que estas personagens mostram suas habilidades, sem trair ao gênero a ser oferecido.

Diga-se que a franquia é o equivalente aos super sentais que o próprio estúdio tem costume de fazer todos os anos, mudando apenas os personagens e acrescentando novos e antigos elementos. Como dizem por aí, “time ganhando não se mexe” e é com uma fórmula simples e direta que a franquia consegue estar presente neste ranking da TV japonesa.






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Similaridades e curiosidades do ranking

Público cativo
O que faz o ranking ser um tanto óbvio é que todas as animações que fazem parte têm um público bem carimbado, sejam crianças, sejam adultos. Afinal, os animes são equivalentes às novelas brasileiras e aos seriados e neste ponto, os japoneses são bem parecidos como nós, brasileiros.

Longevidade
Repetindo o mesmo dito na primeira parte da matéria? Tem uma razão pra pôr isso como característica: do mesmo modo que estas animações têm público, o fato de ainda estarem presentes revela que suas histórias são aceitas e que por serem longas, mostra que os japoneses gostam e seus estúdios querem manter enquanto houver interesse. Quando o interesse terminar ou o estúdio não tiver mais vontade de produzi-las, aí que terão o seu fim.

Franquias e animações marcantes
Aqui vamos esclarecer: não está sendo falado dos animes que nós vemos como clássicos, hits ou cults. Se for um bom observador, verá que todas as animações que entram no ranking deixaram uma marca aos japoneses e por vista disso, é comum animes antigos interagir com animes mais novos. Em certos rankings, animes que já tiveram versões animadas podem aparecer e até filmes e especiais de TV podem figurar entre os mais assistidos.



Animes no Japão é qualquer tipo de animação...
De vez em quando, no ranking de TV podem aparecer séries não nipônicas e o que isso significa? Nós, ocidentais, denominamos animes para produções feitas no Japão ou séries com a estética nipônica. Lá no Japão, o termo é para toda espécie de animação, seja de lá ou não. Exemplo é a animação em stopmotion “Shaun, o carneiro”, produzida pelo estúdio Aardman – que fizeram filmes como “A Fuga das Galinhas”; “Wallace e Gromit: a Batalha dos Vegetais” entre outros – que costuma dar as caras de supetão no ranking.

Isso mostra que não é preciso ser uma animação japonesa pra ter lugar no ranking de TV.

E, por que apenas “One Piece” aparece mais no ranking, em comparação a outras animações que saem da “Shounen Jump”?
Como sabem, a “Shounen Jump” possui várias animações, como “Naruto Shippuuden”, “HunterXHunter” (versão 2011) entre outras animações. A questão vem do público e também do interesse. A saga de Luffy tem mais “conteúdo” e é mais aceita, diferente dos casos citados – o primeiro passa por poucas e boas em sua versão animada, enquanto a segunda teve de mudar de horário e por ter tido já uma versão animada (versão de 1999) – o que costuma fazer com que a frequência no ranking seja bem rara. E cá entre nós: a série mais popular da Jump é “One Piece” e não se fala mais disto. Claro que pode acontecer de outras animações da revista dar as caras, não é tão complicado. Só tem de convencer o público e ultimamente, os próprios japoneses tem sido bem exigentes aos títulos da “Shounen Jump” ou não reparou que de uns tempos pra cá, poucos títulos tem emplacado na revista?


Animações mais conhecidas ocidentalmente...
Quando analisamos o ranking de audiência com atenção, as cinco séries citadas na primeira parte da matéria – “Sazae-san”, “Chibi Maruko-chan”, “Doraemon”, “Crayon Shin-chan” e “Detective Conan” pra refrescar a memória – não são muito conhecidas fora do Japão. Mesmo que tenham sido exibidas em alguns países, elas não têm a mesma força de animes como “One Piece” ou “Pokémon” que por onde passam, tem público e interessados em acompanhar as animações. Isso se deve a identificação do público ocidental, que tem preferências para animações com contexto “simples” de entender, o que justifica a pouca recepção das cinco animações mais assistidas e também, os fansubs e distribuidores dão mais preferência a séries mais recentes ou que tem sucesso fácil de prever.
Por isso tem sido difícil conhecer animações japonesas mais antigas, apesar deste cenário estar mudando de uns anos pra cá, oferecendo a nós, mais opções. Procurando pela net, encontramos alguns fansubs e scans que tiveram interesse em trazer animes e mangás apenas conhecidos em seu país de origem. Não estranhe se conhecer alguma série antiga e a maioria te perguntar: onde achou esta pérola?

Considerações finais
Uns vão perguntar: por que exemplos tão óbvios sobre o ranking da TV japonesa, entre conhecidos e desconhecidos? A razão se deve pra mostrar um pouco do leque de opções que os japoneses veem todas as semanas, como os que assistem a TV brasileira e definem o que é bom ou não. O interessante é termos em disposição estas séries e entender um pouco do gosto nipônico de ser e de estar.
Para nós ocidentais nem todas estas animações podem agradar e outras perguntamos qual é a sua fórmula de sucesso, o que define estarem presentes ou não e enfim, encarar a realidade: eles têm gostos bem diferentes dos nossos. Saber compreender o ranking de TV deles e parar com certos preconceitos sobre o que assistem; ter uma mente aberta e quem sabe, se identificar com algumas destas animações japonesas.

Quem sabe, poder assistir e saber se é do seu gosto ou não. Assim que conhecemos séries boas, regulares e ruins; umas entrando em nossas listas de favoritos, outras que passem batido e aquelas que vemos um pouco de nós mesmos.

Aos que encorajaram a acompanhar esta matéria... esperamos que tenham suas dúvidas respondidas e entendam melhor por que há animes consagrados  - dentro e fora do Japão – daqueles que tentamos compreender a razão de estarem lá, semana após semana.



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Um comentário:

  1. Acho que esses animes tem a formula segmentada japonesa e nós ocidentais não estranhamos tanto , por que apesar devermos as tradições japonesas não é o foco principal o foco desses animes é mais universal como aventuras , atos heroicos e coleção ( pokemon ) .

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