18 de novembro de 2016

Corrente de Reviews: Sora no Manimani




E pela terceira vez o Animecote participa da "Corrente de Reviews", projeto idealizado pelo site Anikenkai cujo intuito é fazer com que blogs indiquem uns aos outros mangás e animes a serem resenhados - quem nos precedeu foi o Gyabbo!, que indicou para nós o anime "Sora no Manimani". Eu, Erick Dias, fui novamente o responsável pelo texto a ser criado.

Aliás, aos que tiverem interesse clique aqui para ver a primeira participação do Animecote na "Corrente de Reviews" com o mangá "Kokuhaku" em 2013, e aqui para dar uma olhada na resenha da edição de 2014, onde falei a respeito do anime "Tenkuu no Escaflowne".

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Ano: 2009
Diretor: Shinji Takamatsu ("Danshi Koukousei no Nichijou", "Gintama", "Nanbaka", "Sakamoto desu ga?", "School Rumble")
Estúdio: Studio Comet
Episódios: 12
Gênero: Comédia / Slice-of-Life
Tema: Astronomia / Clube / Escolar
De onde saiu: Mangá, 10 volumes, finalizado


Um rapaz reservado, sua amiga de infância barulhenta e a rotina de um quase extinto clube de astronomia que - surpresa! - é realmente focado nesse assunto


Mudar de cidade, perder contato com amigos e vizinhos: Para o protagonista Saku Ooyagi isto é um processo habitual, já que desde criança ele foi obrigado a morar em diferentes lugares do Japão devido ao trabalho de seu pai. Porém, agora adolescente, Saku retorna após 7 anos para uma pequena cidade onde passou parte de sua infância, e dessa vez se fixará nela com sua (carente) mãe enquanto o pai viaja sozinho.

Apesar de estar grato por não ter de continuar se mudando pra lá e pra cá, o rapaz não se encontra muito feliz com a cidade escolhida, e o motivo disso é apenas um: Mihoshi Akeno.


Hiperativa, tagarela, um ano mais velha; tal garota, que era sua vizinha, se comportava de modo extremamente oposto a Saku, que já bem jovem preferia a companhia silenciosa dos livros ao invés de realizar atividades externas ou interagir com outras crianças de sua idade - ela, logicamente, não dava a mínima para isso, e achava natural forçar suas brincadeiras nele e arrasta-lo pra todo canto. Por conta disso Saku pegou certo trauma dela, principalmente porque, na última vez que se viram sete anos atrás, um desses passeios forçados terminou com um pequeno acidente que o deixou hospitalizado por algum tempo.

Bem, isso é passado, já foi! E se for ver o lado bom, esta turbulenta amizade ao menos apresentou para ele o hobby de se observar as estrelas, visto que Mihoshi adorava ver e estuda-las por influência do pai. Entretanto, como estamos falando de uma comédia romântica juvenil, é de se esperar que no primeiro dia em sua nova escola Saku acabará esbarrando justamente na "temível" amiga de infância, descobrindo logo de cara que mesmo depois de tanto tempo ela continua sendo a mesma pessoa agitada. Sua admiração por estrelas também não mudou, tanto que ela fundou um clube de astronomia... Que mal possui recursos ou equipamentos e não seguirá em frente caso seja incapaz de alcançar o número mágico de cinco membros.

Sim, o resto permanece seguindo o mesmo roteiro de sempre: O protagonista se juntará ao clube por determinados motivos - recuperando assim seu interesse por algo que deixou um tanto de lado após ir embora dessa cidade -, ajudará na busca por novos membros já que ele ainda é o quarto integrante, e participará de uma série de eventos habituais ao lado de Mihoshi e seus novos colegas. Saku não usufruirá daqueles dias de paz e de aluno que não chama a atenção que ele almejava em sua nova fase estudantil, e até reclamará disso no começo, mas é claro que com o tempo se acostumará com o barulhento grupo formado à sua volta.



E é com essa sinopse grandinha que apresento "Sora no Manimani", anime de 2009 baseado em um mangá seinen de 10 volumes que foi publicado entre 2005 e 2011 na revista Afternoon ("Parasyte", "Nazo no Kanojo X", "Mushishi"). Ao contrário de grande parte das animações dirigidas pelo ótimo Shinji Takamatsu, profissional experiente em comédias compostas por muitas gags visuais e nonsense, "Sora no Manimani" é mais discreto nessa questão, trazendo um humor de nível moderado e um amontoado de acontecimentos que, loucuras ocasionais de um ou outro personagem à parte (em 90% dos casos a Mihoshi), não se mostrarão nada absurdos e tampouco fugirão do padrão para obras desse tipo. Ou seja, é um anime cujo desenrolar de sua história e desenvolvimento mínimo de seus personagens não virão com qualquer pingo de novidade, mas... O elenco é divertido, tem-se um uso satisfatório da maioria dos lugares comuns inerentes a tramas focadas no clube de uma escola e o tema do mesmo é interessante e muito bem tratado, atributos esses que pra mim bastaram para chegar ao fim dessa animação com uma visão positiva a seu respeito.


Takeyasu Roma, presidente do clube que possui uma saúde bastante frágil e, normalmente, será visto cuspindo sangue caso fale ou se mexa por muito tempo; Sayo Yarai, garota calma e inteligente que com frequência é a voz da razão no grupo; Masashi Edogawa, membro do clube de fotografia obcecado por garotas de maiô que, contudo, participa extraoficialmente das atividades do clube de astronomia; e Hime Makita, garota que ao entrar no clube como quinta integrante o impede de ser desfeito, sendo importante ressaltar que no começo ela só faz isso para ficar próxima do amado colega de classe Saku - além de querer impedir que ele e sua pseudo rival amorosa Mihoshi fiquem grudados o tempo inteiro. Estes são os personagens de maior importância com seus traços unidimensionais, porém vale destacar também a certinha Fumie Kotozuka, presidente do conselho estudantil que desdenha o clube de astronomia e sempre declara querer fecha-lo, entretanto no fundo (láááá no fundo) não deixa de se preocupar com eles de quando em quando. Nisso, seja por conta de Makita e suas infrutíferas tentativas para chamar a atenção do rapaz que gosta, Fumie e sua birra quase infantil pelo clube, Mihoshi e seu entusiasmo infinito com qualquer coisa relacionada a astronomia e Saku e sua paciência para aturar e replicar tanto a paixão desenfreada da amiga de infância por estrelas, quanto as besteiras ditas pelo pervertido colega Edogawa, a interação do simpático elenco de "Sora no Manimani" me atraiu com facilidade desde o primeiro episódio, e é justamente ela que mais me faria recomendar tal anime se alguém estivesse procurando uma comédia nestes moldes. Por outro lado, se os eventos e argumentos presentes nos 12 episódios não chegam a ser mal usados, confesso que a previsibilidade e padronização deles impediram que eu me apegasse mais a esta série e seus personagens - e é claro que aqui pesa contra o número de animes semelhantes que já vi, pois se eu tivesse assistido ele na época de seu lançamento, por exemplo, talvez não estaria pegando tanto em seu pé nesse quesito.


Não estou falando apenas da típica preparação e expectativa diante do próximo festival escolar ou de viagens estudantis pro litoral no verão ou para as montanhas no inverno, mas também o fato de Makita tomar coragem e praticamente se confessar para o protagonista, porém este, por mero acaso, não ouvir nada; ou então Mihoshi declarar que ama Saku (isso ele ouviu em alto e bom som!), mas pouco depois completar com um sorriso largo no rosto que ama todos igualmente - sem falar em outro episódio onde ela conversa e parece reconhecer Makita como sua rival e diz que não irá perder, para minutos mais tarde descobrirmos que a garota achava ingenuamente que o assunto era sobre estrelas, e não amor. Saku chegará ao ponto de não suportar o comportamento de Mihoshi, tentará se afastar dela, mas acabará voltando atrás? Sim. Ocorrerão pequenos e tolos mal entendidos entre os dois que precisarão da ajuda de terceiros para serem resolvidos? Sim. Saku se incomodará, sem entender ao certo o porque, ao ver Mihoshi agindo de forma íntima com outro homem (mesmo que reclamasse do quão ela era grudenta consigo)? Sim de novo. E a fofa, tsundere e sonhadora Makita, em algum momento terá chances reais de expressar seus sentimentos e ser correspondida? Ah, óbvio que não, coitada, está aqui só pra fazer número mesmo. Não dá pra esperar surpresas, mas ressalto novamente como esses acontecimentos e seus elementos são expostos de maneira decente e modesta, seja nos momentos de comédia ou nos breves trechos de teor mais dramático. Posso dizer em termos gerais que, se em outros animes tal experiência me seria exaustiva, aqui ela foi apenas... Morna e tolerável, digamos assim, não chegando a me causar grande incômodo ou fazendo-me sentir que estava perdendo tempo a cada episódio visto, e a razão para tal, fora o carisma do elenco e a narrativa limpa, se encontra nas estrelas (perdão pela piadinha).



Este é um detalhe um tanto mais difícil de me fazer recomendar o anime a alguém por ser algo muito específico, contudo achei admirável como "Sora no Manimani" aproveita os conhecimentos relacionados a astronomia, não sendo aquilo de termos um clube que mal discute ou realiza atividades sobre o seu próprio tema. Praticamente tudo que citei no parágrafo anterior tem isso como destaque (viajam ao litoral sim, porém estrelas em primeiro lugar, para tristeza de Edogawa!), e é rotineiro ver conversas românticas ou explicações tanto em torno dos truques e instrumentos usados para se observar os astros, quanto das características, posições e origens dos nomes de constelações e estrelas como Auriga, Gêmeos, Denebola, Espiga, Pegasus, Pleiades, Cassiopeia, BetelgeuseAldebarã e Orion, dentre várias outras - e olha que o mangá é ainda mais detalhado, reservando páginas no início de alguns capítulos para exibir mapas e comentários da autora Mami Kashiwabara. Confesso que, isso sim, me pegou de surpresa, pois é raro achar animes voltados a clubes escolares (em especial os não esportivos) que deem real atenção às suas atividades e consiga expressar a paixão de seus envolvidos pelo que fazem. A contagiante alegria dos personagens ao falarem e praticarem esse hobby, e o conteúdo relativo a astronomia em sua maior parte superficial, mas suficiente para fisgar um leigo no assunto serviram como um contrapeso essencial para os pouco inspirados argumentos onde eles foram inseridos.



Enfim, espero que tenha conseguido deixar claro os prós e contras de "Sora no Manimani", que mesmo tendo me desanimado em alguns pontos soube me agradar em outros. Como informações extras, a animação e seus três curtos episódios especiais adaptaram muito fielmente (com exceção de dois capítulos que foram bastante resumidos, além da exclusão de pequenas piadas no finzinho de cada história) os 4 primeiros volumes do mangá - volumes esses que até hoje foram os únicos traduzidos por fãs, sendo pouquíssimo provável que vejamos mais à disposição uma vez que o projeto está parado desde 2014. Uma pena, porque bem que gostaria de ver se o "romance que de tão lerdo não é romance mas finge que é" testemunhado no anime toma algum rumo mais direto nele - e é lógico que estou me referindo a Saku e Mihoshi, pois há tempos não via uma personagem como a Makita entrar cedo numa rixa amorosa já estampando, assim tão na cara, a faixa de derrotada...




(abra em nova aba para uma melhor visualização)




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Após a participação do Animecote passo a corrente para o canal VítorVerde, que na próxima 
segunda-feira dia 21 deverá postar seu vídeo sobre "Mononoke", anime de 2007 dirigido pelo ótimo Nakamura Kenji - é a segunda vez que aproveito o evento para indicar uma obra dele, tendo sido a primeira para o blog Mangás Cult em 2013, a quem recomendei o psicodélico "Kuchuu Buranko".

Até mais!


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