19 de novembro de 2015

Resenha: Zero no Tsukaima



Ano: 2006-2012
Autor original: Noboru Yamaguchi
Estúdio: J.C. Staff
Episódios: 12 por temporada (4 temporadas no total)
Gênero / Temas: Ação / Aventura / Ecchi / Escolar / Fantasia / Harém / Magia / Romance / Slice-of-Life
De onde saiu: Novels (20/22 volumes – incompleto)



Essa resenha faz uso de várias comparações. Se você tem aversão a elas, bem... ops.


Por Xbobx


"n-não é co-como se eu quisesse ser a c-ca-capa dessa resenha ou algo do t-ti-tipo, baka!!"

Ah, Louise.

Dentre todas as tsun-tsun-tsun-deres interpretadas pela mais-que-facilmente reconhecível Kugimiya Rie, provavelmente é uma das mais celebradas e conhecidas delas.


É comum escutar que uma personagem não é suficiente para carregar uma série, da mesma forma que um jogador não carrega um jogo, mas isso se provou aberto a exceções após o sucesso esmagador de Kugimiya com Shana em “Shakugan no Shana”.

Não só foi um sucesso espontâneo mas também o nascimento de um estilo próprio de “tsundere” (mimada, mandona, flat e chibi) em contraste com as garotas que cunharam o termo anteriormente como Rin Tohsaka e Lum.

Seja pela fofura, pela inovação ou pelo que for, nossos colegas orientais amaram e a J.C. Staff, vendo um mercado promissor, em menos de um ano depois de Shana seguiu a premissa de que "em time vencedor não se mexe" e trouxe à TV Louise, Saito e sua história de amor.


“Zero no Tsukaima” é talvez a epítome do ecchi com fantasia. Possui muitas das qualidades de ambos e, ao contrário da esmagadora maioria na indústria, segue de fato uma história decente. Sim, a história é BOA. Não “excelente”, claro, mas muito boa pra um anime desse segmento.

Fanservice? Óbvio, mas não de uma forma exagerada ...bem talvez “um pouco” exagerada. Mas convenhamos, você sabe onde está se metendo quando resolve assistir uma série com essas tags (ecchi/romance/fantasy). Afinal, não é isso que esperamos delas?


Saito, o clichê rapaz comum, com uma vida ordinária, vivendo seus dias ordinariamente, um dia é abduzido por um portal mágico nada ordinário no centro movimentado de Tóquio. Do outro lado, um planeta onde a magia em todas as suas formas é real, e vivendo nele estão sacerdotisas, magos, elfos, bruxos, espadas falantes, animais também falantes e todo o tipo de criatura saída de Harry Potter.

Mas que por alguma razão, apesar de tamanha evolução na magia, é organizada em uma monarquia e dividido em reinos, cada qual com seus interesses que se estranham como se vivessem exatamente na nossa idade média.

Louise Françoaise le Blanc de la Vallariere, também conhecida como “Zero” Louise, é uma aluna da Tristein Academy of Magic. Seu apelido é fruto dos repetidos fracassos em conjurar qualquer tipo de feitiço. Certo dia, porém, um de seus encantamentos dará absurdamente errado (ou seria certo?) e esse tal garoto ordinário sem nenhum poder aparente será literalmente summonado para esse novo mundo.

Assim, tem-se inicio esse slapstick romance, acompanhando as aventuras de Louise e Saito através desse continente curioso.

Saito descobrirá que talvez não seja por acaso que está nesse mundo, e Louise terá surpresas sobre seu real poder.


Clichê? Clichê... Clichê.

- Embora que, ao mesmo tempo, como muitos clichês, é inegavelmente interessante -


Mudando alguns termos, essa sinopse serviria pra no mínimo outros 5 títulos similares de comédia-romântica/ecchi. Isso é visível e não há porque negar. O interessante é o que a série é capaz de trazer além desse setup comum. Passado a intro clichê e os personagens estereotipados, arrisco dizer que o desenvolvimento chega a ser surpreendente.

O universo da história é inesperadamente grande, detalhado e povoado com personagens interessantes, muitos dos quais com sua história explorada ao longo das 4 temporadas.

Talvez um dos maiores atrativos da série seja mesmo o setup. Ponto base de muitos MMORPGs, é um mundo povoado pela magia, com espadas falantes, fireballs, dragões e todas as tiers de feitiços que você precisaria de um mage lvl 99 pra conjurar.

É interessante também a comparação com Harry Potter. Ambos surgiram no cenário internacional praticamente ao mesmo tempo, e de fato compartilham algumas semelhanças. Ironicamente, uma delas sendo a completa ausência de adultos em certas partes da história, ficando nas mãos de crianças e pré-adolescentes o futuro da humanidade! Heh.

A diferença, porém, é que “Zero no Tsukaima”, conforme progride em temporadas, vai explorando cada vez mais o lado geopolítico da história, com conflitos diplomáticos e problemas que vão além de uma “boss fight” como no caso de muitos MMORPGs e Harry Potter em si.


A temática central, claro, se mantém no romance, mas abre espaço também para esse drama político, que lentamente se expande para o cenário militar e culmina em um conflito complexo. Sem contar a clássica das aventuras japonesas: "lutaremos para proteger aqueles que amamos".

Hmm, e não se esqueça do ecchi; algumas cenas sugestivas aqui e ali completam os 23min de cada episódio.

Como até agora essa review se baseou em comparações, junte o bruxinho Harry com George R. R. Martin e agora sim, um equivalente de “Zero no Tsukaima” com a televisão ocidental.



Temática mágica/medieval e ecchi de lado, outro grande trunfo da série é definitivamente a composição musical.

Não só há OSTs perfeitamente posicionadas em algumas cenas, como também o instrumental usado e o ritmo escolhido são divinos.

Composta principalmente de violinos, pianos e violões acústicos nas cenas mais melancólicas e barrocas no estilo “Spice & Wolf”, mas também com remixes eletrônicos em cenas típicas de slapstick como em “Toradora!”.

Em termos de animação, na há nada muito de original. J.C. Staff fez um bom trabalho mantendo as personagens com suas características fiéis ao material original (novels), porém sem nada de espetacular. Dado que o orçamento da franquia aumentou da 1ª a 4ª temporada, é notável a mudança de qualidade de mediana para BEM melhor, assim como os shots ecchi ficaram mais provocantes.


Por fim, o que realmente quero dizer aqui é: “Zero no Tsukaima” é interessantemente surpreendente. Algo que tinha muitas chances para o fracasso, mas que acabou se tornando uma série única e especial.

“Mas então como podem haver tantas comparações nessa resenha?” Exatamente pelo fato de me faltarem palavras para descrever o quão diferenciado dos demais essa franquia está. Se você notar, todas as comparações são de alguma forma positivas, pois no fundo essa história é um emaranhado de vários elementos. Elementos os quais, foram pontos de sucesso em todas essas outras produções. Você tem magia, romance, guerras, conflitos econômicos, beach episodes, comédia e um grande mistério que se desenrola até o final.

ZnT não é uma grande história por ter atingido um patamar divino e sublime de qualidade, mas por ser algo peculiar, que juntou várias qualidades interessantes em uma salada de entretenimento, que, por criatividade do autor e a mágica da animação, trouxeram à vida muitas das fantasias e sonhos que muitos de nós temos. Se você está nesse momento lendo uma review num blog sobre anime/mangá certamente também já foi em algum instante de sua vida (ou ainda é) fascinado por histórias/contos medievais, mundos mágicos, mmorpgs de fantasia, elfos, dragões, e é claro, essa criatura:

No fundo, esse é um anime mediano, de uma franquia mediana, mas que por pura magia, continuou me fascinando por 6 anos, da 1ª a 4ª temporada. E não sou o único a pensar assim. São notáveis algumas falhas no enredo e durante a 2/3ª temporadas a J.C. Staff deu uma relaxada na qualidade, com vários fillers e episódios desnecessários, mas ainda assim, conseguiam te deixar esperando para saber o que aconteceria a seguir.



É algo que todo fã do gênero deveria assistir, mesmo que seja para depois dizer “vi, e não gostei”. Afinal, o que são 23 minutos? Eu perco 3h da minha vida por dia no transporte público; esse tempo para ver os primeiros episódios pode ser um pequeno desperdício de vida OU, a chance de conhecer uma bela história.


Nota numérica: 7
Um redondo 7 em todos os quesitos. Arte, OST, personagens e roteiro.

Por outro lado, um 9 em enjoyment, 10 em fofura e um 11 em “fator viciante”.


Addendum: Em relação a eterna questão de “devo ver o anime ou ler os livros”, sou forçado a dizer que nesse caso, o anime talvez seja uma melhor opção.

Em Abril de 2013 o autor das novels de ZnT, Noboru Yamaguchi, faleceu de câncer, e assim deixou incompleto o último volume, sem uma conclusão para a história. Os livros com certeza possuem uma história bem mais aprofundada, e acontecem infinitamente mais coisas entre a 3ª e 4ª temp do anime, mas para quem não é um fã (ainda) o anime faz um bom trabalho, e a J.C. Staff deu uma conclusão que combina bem com o estilo da história.

Claro que se você tiver interesse, as novels são uma boa leitura, e muito mais séria que a atmosfera “easy-going” do anime em diversos momentos. Só saiba que ao chegar ao fim do 20º volume estará em suas mãos imaginar o final.**


** - Em Julho desse ano (alguns meses atrás), foi anunciado que os últimos 2 volumes finais (Noboru tinha planejado 22) seriam escritos baseados em anotações deixadas pelo autor com seus editores. Quem sabe há a chance de uma conclusão em um futuro próximo. 



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2 comentários:

  1. Gosto muito de animes de fantasia, Vi a primeira temporada de Zero no Tsukaima, penso em um dia terminar, mas digo que por conta da quantidade de clichês e por conta de seu lado ecchi não conseguiu me agradar em sua primeira tempoda.
    Acho que quando eu tiver pegando onibus por 3 horas, eu acabe assistindo ele.
    No mais bom post aparentou ter expressado bem a essência deste anime.

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  2. Parabéns XbobX, bela resenha. Muito bem escrita, sem spoilers e com boas comparações. Para quem ainda não tem os animes e/ou ainda não viu, esta resenha serve para pensar bastante em ver. =)
    Gostei do que li e num futuro distante, vamos ver o que EU resenharei sobre a franquia, já que ainda não vi nenhum dos animes, apesar de já ter tudo.

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