26 de maio de 2017

Resenha: Itazura na Kiss




Por Escritora Otaku


Romances em animes são mais complexos do que aparentam: o clássico chove não molha entre o casal principal; amor à primeira vista; romances inesperados ou pré-determinados e pra fechar, os dos opostos que se atraem. É neste último que se encaixa o perfil desta série, onde nosso casal de protagonistas demonstram diferenças que acabam os unindo e revelando seus pontos mais fortes e fracos durante a história de “Itazura na Kiss”.

Dando uma checada pela net, a maioria diz que é difícil de engolir o protagonista masculino pelas suas atitudes, mas, por mim, achei bem interessante e sua evolução é perceptível. Ao menos, apesar de ser perfeita demais pra existir, sua personalidade é um dos trunfos que torna a história mais interessante. E o melhor disto tudo? Que o tempo realmente passa, pois em shoujos é como se a maioria dos romances fosse uma eterna primavera - os que acompanham entenderão...

Até o 14° episódio eu assistia aos pouquinhos, até que vi todo o resto em um único dia e gostei demais do que presenciei. Com isto, “Itazura na Kiss” entrou oficialmente na minha seleta lista de shoujos favoritos, que por ora tem apenas cinco séries e todas encantadoras por sinal.


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Ano: 2008
Diretor: Osamu Yamazaki
Estúdio: TMS Entertaiment
Episódios: 25
Gênero: Comédia / Romance
De onde saiu: Mangá, 23 volumes, finalizado


Convenhamos que em animes, romances rolam das mais variadas formas, sendo que a maioria vai ao ritmo lento até o momento que um dos pretendentes dá o passo mais importante e declara seu amor ao outro - portanto, é normal ter de esperar rolar algo. Depois vem os desafios de manter este namoro – rivais, antigos amigos, família, entre outros fatores – e finalmente o clímax, que no caso é uma afirmação desta decisão ou o casamento. Na maior parte, temos apenas o namoro e seus dilemas, sejam próximos ou não da realidade.

Levando isso mais a fundo, nota-se que em obras mais comuns o romance é meio predestinado, ou seja, o casal ou casais são formados - resta apenas uma minoria que se pode esperar de tudo um pouco antes do finalmente. No caso da série abaixo, temos um pouco de acordo com o previsto e até pontos inesperados, regados a certa comicidade.

“Itazura na Kiss” tem suas origens no mangá do mesmo nome criado pela mangaká Kaoru Tada e publicado nas páginas da revista Margaret, isso durante o período de 1990 a 1999. A maior surpresa está no fato de que a própria mangaká faleceu antes de concluir a obra, o que poderia deixar a série inacabada - o que não aconteceu, pois um pouco antes de sua morte ela revelara ao seu marido como ia finaliza-la e com a permissão deste, a história pode ser encerrada. E graças a isto, a versão anime foi capaz de usar esta conclusão, então, vamos a história em si...

Aihara Kotoko é uma garota que está em seu último ano do colegial (equivalente ao nosso ensino médio) que decide entregar uma declaração de amor para o garoto mais bonito da escola, Irie Naoki. Ao fazer isso, ele simplesmente a dispensa sem ao menos pegar na carta de amor dela, quando o normal seria ao menos recebe-la, o que a deixa com raiva do desprezo recebido. Mais tarde, ela descobre que seu pai terminara de construir uma nova casa e comemoram ao lado dos amigos achegados da garota - tudo ia bem até que ocorre um pequeno terremoto, que acaba abalando a estrutura da casa e a mandando pro chão, literalmente.

Pode parecer absurdo que um mero tremor de terra possa destruir uma residência, mas, tem o fato de que a casa era frágil. Sem um lar, restou aos dois procurar um teto na casa de um amigo do seu pai - até aí, nada de mais, afinal, fariam isso até arranjarem um novo lugar pra viver. Mas e o choque para a Kotoko ao descobrir que lá é a casa do próprio Naoki, ou seja, fora tudo o que houve com ela, teria ainda de dividir o mesmo teto com o rapaz e sua família. Choque foi pouco, porque o pior era ter de conviver com a personalidade deste ao seu lado, o que será um belo desafio para a garota. E assim, vemos como será esta relação, onde aos poucos com seu estilo Kotoko consegue trazer a Naoki sentimentos que culminam em decisões para o futuro, namoro e casamento.


Isso mesmo: namoro e casamento. Porque o rapaz passa a ter sentimentos quanto a ela e logo, logo, vem o namoro e no décimo quarto episódio, se casam - cortesia da mãe de Naoki, que via um casal e não ia desperdiçar a chance de realizar seus sonhos de vê-los juntinhos pro resto da vida. Daí em diante, acompanhamos nosso casal principal tendo de ralhar muito nos estudos universitários e se formar, encarar desafios sobre eles mesmos e experimentando sensações novas que vão ajudá-los a se firmar como casados.

E é este detalhe que “Itazura na Kiss” difere da maioria dos shoujos que estamos habituados a ver: o tempo realmente segue adiante, não se tem a sensação de uma eterna primavera em seu andamento. Conforme passa o tempo, vemos os personagens seguindo com suas vidas, confrontando com seus dilemas e futuro. Outro fator que torna a história assim é o seu elenco de personagens, que passam a interagir com o casal principal e ditam os rumos do contexto apresentado. A comédia é recorrente, o que transforma a série mais gostosa de se assistir e vemos que os opostos realmente se atraem...

Analisando o casal principal, dá pra ver que enquanto a Kotoko possui uma personalidade típica de personagens shoujo (bobinha, de bom coração e simpática, sem papas na língua) sua cara-metade, Naoki, tem um estilo mais na dele (arrogante, muito inteligente, dono de si mesmo, sério no que faz). E uns podem acabar se desagradando quanto a este último, porque ele não faz cara de santinho ou de cara legal como acontece em histórias românticas. Um grande diferencial que pode ser ruim, mas, ele muda e se torna uma pessoa mais aceitável graças a Kotoko - um contraste que funciona muito bem, pra sermos diretos.

Em termos técnicos, a animação teve uma estética mediana a boa e por ser uma produção mais antiga, e o traço segue um padrão shoujo de ser; a versão anime foi a primeira a trazer o final da obra original, pois até antes, as outras produções, no formato de live-actions, apresentaram somente o básico da história. O anime teve uma abertura e dois encerramentos: “Kimi, Meguru, Boku” de Motohiro Hata foi a de abertura, cujo clipe teve mudanças conforme o andamento da série e traz um estilo bem animado em sua execução; “Kataomi Fighter” do GO!GO! 7188 foi o primeiro encerramento e mostra a Kotoko e suas facetas, exibindo suas tentativas de conquistar Naoki, enquanto que “Jikan Yo Tomare” de AZU feat. Seamo tem um ritmo rap e mostra no clipe a relação do nosso casal principal. Destaque para o segundo encerramento, cujo estilo chama a atenção pela sua melodia e formato da música.


“Itazura na Kiss” pode ser um shoujo como muitos, mas, são em certos detalhes que fazem toda a diferença em comparação com outras obras do mesmo estilo. Não se deixem enganar por ser uma série antiga, porque tem como ponto forte não ficar em uma primavera sem fim, como acontece na maioria dos casos românticos. Portanto, embarquem nesta divertida história de amor e seus desdobramentos...


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